domingo, 16 de maio de 2010

Tecnologias Verdes - Parte 3

O mundo está avançando cada vez mais com as tecnologias verdes. As fontes renováveis de energia já apresentam menores custos e bom rendimento, a reciclagem traz bons resultados econômicos, ambientais e sociais, e o mercado já exerce pressão considerável contra materiais agressivos ao meio ambiente.

Duas semanas atrás, falamos sobre o carro elétrico, sobre Shai Agassi e sobre Elifas Gurgel. Na semana passada falamos um pouco sobre energias alternativas bastante promissoras, a energia solar e a energia eólica. Nessa semana, falaremos sobre algumas empresas que estão investindo em negócios sustentáveis.

Sustentabilidade

No dia 10 de maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que a economia mundial está ameaçada pela destruição dos ecossistemas do planeta. Além de alertar que os ecossistemas estão prestes a sofrer mudanças irreversíveis, a ONU ressaltou que entre US$ 2 trilhões e US$ 5 trilhões são perdidos devido à redução das florestas. "A humanidade criou a ilusão de que, de alguma forma, é possível se virar sem biodiversidade, ou de que isso é periférico no mundo contemporâneo", disse Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Mas já há inúmeras empresas que veem de forma diferente a questão da sustentabilidade. Para a Nike, a BestBuy, o Yahoo, e as outras empresas que fazem parte do GreenXchange, "sustentabilidade não é um fardo, é uma oportunidade." O GreenXchange é uma plataforma na internet para as empresas compartilharem suas propriedades intelectuais que possam trazer inovações em sustentabilidade. "O GreenXchange fomenta a colaboração entre empresas para aumentar a adoção das melhores práticas de sustentabilidade de uma maneira que seja boa para o planeta e também para as empresas individualmente", disse David Dibble, executivo da Yahoo! Inc. A idéia é facilitar o acesso às diferentes idéias para agilizar o desenvolvimento de soluções inovadores para as questões de sustentabilidade, ao mesmo tempo em que as empresas ganham em competitividade e economizam com pesquisas em torno do mesmo assunto.

Outra empresa que se destaca no quesito sustentabilidade é a Nature Air, uma empresa de aviação da Costa Rica. A Nature Air é a primeira companhia aérea a neutralizar suas emissões de carbono em 100%, e investe pesado em turismo sustentável. Como o turismo na Costa Rica é uma das principais fontes de renda, e grande parte se deve à biodiversidade da região, a empresa já começou suas atividades preocupada com a elevada emissão de CO2 das aeronaves. Hoje, ela planta árvores para neutralizar o carbono, realiza treinamento com seus pilotos para reduzir o consumo das aeronaves, coleta óleo de cozinha usado para transformar em combustível para os carros e caminhões da companhia, e incentiva os agricultores da região a não cortarem as árvores de suas terras. Além disso, a Nature Air fundou a NatureKids Foundation, que investe no futuro profissional de crianças e jovens ensinando inglês, informática e práticas sustentáveis. Mesmo com preços mais altos que a concorrência, a Nature Air prova que as pessoas estão dispostas a pagar por suas ações, e está em pleno crescimento. "As pessoas precisam perceber que negócios sustentáveis dão dinheiro", disse Alex Khajavi, CEO e fundador ca companhia.

Um exemplo de empresa brasileira que decidiu investir no verde é a Dígitro, empresa de telecom de Florianópolis. Ela investiu 15% a mais em materiais e tecnologias com o projeto sustentável de sua nova sede. Agora ela tem uma economia de luz em torno de 25%, garantida pelas células fotovoltaicas e pela abertura no centro do prédio que permite iluminação natural em todos os andares. Os telhados e os beirais do edifício captam água das chuvas para ser utilizada nas descargas, responsáveis por 70% do consumo. O esgoto é tratado com microorganismos, para que os resíduos saiam com 93% de pureza sem precisar de cloro, e parte da água ainda é utilizada para irrigar os jardins. Além disso, há brises e janelas especiais para reduzir a entrada de calor. Luiz Aurélio Baptista, diretor administrativo e de qualidade da Dígitro, disse que "As pessoas têm a visão de que, ao investir em um edifício verde, leva-se muito tempo para recuperar. O que estamos vendo é que ele custou apenas 15% acima de um prédio normal e esse valor será recuperado em cinco ou seis anos", e ainda ressaltou outras vantagens do investimento: "Sentimos que as pessoas gostam do projeto quando visitam a Digitro e, no fim, o que fizemos hoje por vontade, com certeza, em alguns anos, terá que ser feito por lei".

A reciclagem também é uma atividade bastante comum em ambientes sustentáveis. Palavra recorrente na boca de ambientalistas desde a década de 1980, a reciclagem passou a exercer um forte papel na indústria e na sociedade. Entre as vantagens da reciclagem estão a redução do lixo e do impacto ambiental, a geração de empregos para a população menos qualificada e economia da energia gasta para extração de matéria-prima. No Brasil, a reciclagem de alumínio se destaca, com mais de 90% das latinhas retornando para a indústria. Esse valor alto se deve ao baixo custo da reciclagem, que economiza 95% da energia que seria gasta no processo de mineração e refino de bauxita, e às propriedades do alumínio, que permitem que seja reciclado indefinidamente sem perdas de suas características.

Observando o enorme potencial da reciclagem, a PepsiCo e a  Waste Management Inc anunciaram no mês passado uma parceria para criar a Dream Machine (Máquina dos Sonhos). Operadas pela Greenopolis, as Dream Machines serão usadas para coleta de garrafas e latas, e darão "pontos de reciclagem" em troca para as pessoas. As máquinas buscam aumentar a taxa de retorno das embalagens de 34% para pelo menos 50% até 2018, e serão espalhadas em parques, estádios e postos de gasolina dos Estados Unidos.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tecnologias Verdes - Parte 2

O mundo está avançando cada vez mais com as tecnologias verdes. As fontes renováveis de energia já apresentam menores custos e bom rendimento, a reciclagem traz bons resultados econômicos, ambientais e sociais, e o mercado já exerce pressão considerável contra materiais agressivos ao meio ambiente.

Na semana passada, falamos sobre o carro elétrico, sobre Shai Agassi e sobre Elifas Gurgel. Quem se interessou, também pode ler essa reportagem e essa entrevista da Super Interessante, visitar o site da Tesla Motors para conhecer o belo Roadster, ou ainda ver mais vídeos sobre o Better Place (aqui, aqui e aqui).

Essa semana, falaremos um pouco sobre as energias renováveis.

Fontes de Energia Renováveis - Energia Solar e Eólica


A energia solar e a eólica são fontes renováveis de energia. É inconcebível imaginar um dia em que não teremos mais sol ou vento no mundo. São fontes fáceis de se achar, comuns ao redor de todo o planeta e até fora dele. Não necessitam de prospecção, escavação de poços de um quilômetro nem de construção de plataformas perigosas em alto mar, e não mancham a vida nos locais de acidentes. E já há tecnologia suficiente para usá-las.

Observe, por exemplo, o prédio ao lado, localizado em Dezhou, Província de Shangdong, na China. São 75.000 metros quadrados de área e uma estrutura em forma de relógio solar repleta de painéis para fornecer energia para o prédio. No edifício, há salas de reunião, salas de treinamento, centros de exposição, centros de pesquisa e um hotel. O prédio será o principal local do 4º Congresso Mundial de Cidades Solares, que ocorrerá em Setembro de 2010 na China.

Outra grande construção cheia de painéis solares é o estádio World Games Stadium, em Taiwan. Com capacidade para 55.000 pessoas, o estádio tem 8.844 painéis em seus 14.155 m² de cobertura. O estádio é capaz de gerar 1,14 gigawatts-hora de eletricidade por ano, e abastece até 80% da vizinhança quando não está sediando algum jogo.



A utilização de energia solar cresceu bastante no ano passado, e as usinas solares alcançaram o recorde de 6,43 gigawatts e geraram US$ 38 bilhões. E existe muita pesquisa em torno da captação de energia solar, geralmente buscando maior eficiência e menor custo na captação de energia com uso de novos materiais ou tentando facilitar a instalação das placas, tornando-as mais flexíveis e leves. Na terça-feira, o diretor do Eni-MIT Solar Frontiers Research Center apresentou a primeira célula solar em papel. O papel poderia então ser grampeado em outras superfícies e geraria energia. Os pesquisadores usaram tintas baseadas em carbono e contam que esses materiais em nanoescala utilizados poderiam ser pulverizados com diferentes técnicas para formar filmes finos de células solares. O papel consegue converter até 2% de luz em energia e ainda está em fase de pesquisas. Normalmente, as células fotovoltaicas comerciais apresentam 16% de eficiência.

Uma empresa que está investindo bastante em energias alternativas é o Google. Quarta-feira, a empresa divulgou no blog oficial a compra de duas fazendas eólicas na Dakota do Norte (Estados Unidos) para geração de 169.5 megawatts. O investimento de US$ 38.8 milhões garantiu a mais avançada tecnologia em turbinas e sistemas de controle. Há 80 metros do solo, as 113 turbinas contam com pás que, alem de serem mais largas, ainda podem ter o ângulo alterado para melhorar a eficiência. As fazendas têm monitoramento de sua produção 24 horas por dia, 7 dias por semana, e irão abastecer mais de 55.000 casas.

Outro grande investimento na área de energia eólica é a usina Poseidon 37, planejada pela Floating Power Plant para gerar até 50 megawatts com a energia dos ventos em alto mar. A plataforma, que medirá 230 metros de largura e pesará entre 20 e 30 toneladas, utiliza a mesma tecnologia usada nas grandes plataformas de petróleo para aguentar até mesmo as piores tempestades (que ajudariam como fontes de energia). De bônus, a plataforma também terá geradores para obter energia das ondas. O site da empresa mostra um vídeo da plataforma de testes que eles já construíram. (Veja também um artigo sobre o projeto, em inglês, em Green Tech Media)

No Brasil, também existem investimentos na área. O Ceará, estado com maior capacidade de geração por meio dos ventos, gera 150 megawatts de energia eólica. Lá também surgiram esses postes que utilizam energia eólica para iluminar as ruas. Desenvolvidos pelo empresário Fernandes Ximenes, os postes eólico-solares têm 6 lâmpadas de LEDs, podem funcionar até 70 horas sem vento e sem sol, e economizariam em torno de R$ 21.000 por quilômetro/mês em energia. No Brasil, já estão instalados 1600 postes eólicos. Leia mais em Transition Towns Brasil e em Wind Power Brasil.

Confira outras iniciativas favoráveis ao meio ambiente em Tecnologias Verdes - Parte 3.